Adolescência e o século atual: Desafios

José Valdez de Castro Moura

    No contexto da evolução, a adolescência é a idade em que se realiza o florescimento pleno do desenvolvimento corporal humano e a paulatina consciência do “ Eu”, o desejo irrefreável do autoconhecimento e a luta pelas conquistas humanas. Na condição de crianças, somos possivelmente felizes, fase sempre lembrada em que construímos o mundo mágico do nosso viver. Aos poucos, chega a percepção das limitações, a incerteza da condição humana e a necessidade imperiosa do outro como referencial importante para o processo de continuidade da vida. Os filósofos existencialistas afirmam que a solidão pode ser conceituada como a ausência do outro. E, nesse mundo novo que se apresenta, que oferece um oceano de possibilidades e dúvidas, que chega o adolescente, cheio de força e de vida, ansioso por novas descobertas, da vivência de um esperado presente cheio de inquietações.

    O adolescente do século XXI, sem referenciais confiáveis e destorcidos, com limitações impostas pelo meio, é atirado num mundo confuso, um mundo novo (que não é “O admirável Mundo Novo” do evolucionista inglês Aldous Huxley descrito em 1932), mas, um contexto cultural em que impera a banalização do sexo e da violência. Presencia-se o tempo do imediatismo, do descartável, da falta de comprometimento. Dessa maneira, o adolescente a negar o “prazer adolescente” que envolva esferas maiores com a família e a sociedade que tanto cobra dele atitudes “adultas” e, quando convém, o joga na condição infantil, da inexperiência e da imaturidade. Assim, vemos o “ ficar” como um fenômeno descartável, sem laços, porque, manter relações sexuais, sim, com todos os cuidados contraceptivos, entretanto, a gravidez na adolescência assume ares de um grande problema com repercussões pessoais, familiares e sociais, até medicalizado segundo as convenções e valores de determinada sociedade. A adultície cada vez é mais prolongada, mas, a “criança” cresceu, questiona e está perdida, sem tempo-espaço para a vivência do amor que descobre a cada dia no seu universo existencial. O viver-adolescente no nosso século é intensamente desafiador, sofrido, mais problemático e difícil do que se possa imaginar. E, se torna imprescindível refletirmos sobre a questão da vulnerabilidade que cerca o adolescente no nosso mundo atual. Nesse panorama de incertezas, conflitos de gerações, dúvidas, violência dos adolescentes e contra os adolescentes, comportamento de risco, contemplamos o processo-adolescência dos mais complicados da História da Humanidade. Atentemos para o fato de que o progresso da humanidade não se faz só em termos de desenvolvimento tecnológico, mas, sobretudo com o crescimento humanístico e espiritual das gerações. E, o nosso compromisso com a nova geração é imenso, portanto, nós educadores, temos uma responsabilidade enorme com o futuro dessa geração pelo bem da humanidade. Enfrentemos os desafios. Pensemos no futuro dos nosso jovens!

(Publicado no jornal Tribuna do Norte, ed. nº 8293)

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